Bolhas de realidade

“Eu estou certo, você está errado. O que menos importa nesse caso são os fatos e evidências. Contanto que eu acredite estar certo, estou certo.”

Esta é uma convicção clássica tão natural de todos nós.

Vivemos, cada um, em uma “bolha de realidade” particular, específica e mutável.

Vamos explorar este conceito.

Uma “bolha de realidade” é um conjunto de suposições (modelos mentais) sobre a qualidade das experiências de uma pessoa, ou seja, é a crença em suposições sobre a verdadeira natureza das coisas.

Uma vez acreditando nas crenças que temos para explicar o mundo, iremos nos ater a elas.

Uma mudança requer que outro conjunto de convicções substitua o existente. É quando um modelo mental é substituído por outro.

Sempre utilizamos modelos mentais para encarar o mundo lá fora.

Se não temos um modelo para filtrar e atribuir significado aos estímulos externos, nos sentimos desconfortáveis.

A incerteza nos inquieta. E é por isso que a “bolha de realidade” se instaura. Bolha de realidade é um conjunto de modelos mentais que traduz à realidade aos nossos olhos e operar no mundo (interno e externo).

Quando tratamos com consumo, uma das atividades mais rotineiras que exercemos, assim que estabelecemos um relacionamento com uma marca, passamos a acreditar automaticamente em suas qualidades e defeitos.

Pense em partidos políticos. Uma vez que você começa a achar que partido X tem essa e aquela qualidade ou problema, tende a ignorar ou minimizar as evidências em contrário. Isso explica muitas coisas que custamos a aceitar.

Portanto, uma “bolha de realidade” é um conjunto de significados atribuídos aos estímulos externos, ou seja, um conjunto de modelos mentais que molda a realidade à nossa percepção particular.

Após algum tempo, este mecanismo opera em um patamar puramente emocional. Você simplesmente “sente” o significado das coisas que acontecem, sem analisar a realidade.

Se outro modelo lhe é apresentado, surge resistência no nível emocional. Você fica apreensivo. O que o deixa confortável é retornar ao seu modelo existente, que é afinal o que você conhece.

Vamos voltar ao início deste texto.

“Estou certo, você está errado. Você só pode estar errado, uma vez que “eu” sei que estou certo.”

À confrontação de modelos mentais damos o nome de debate ou discussão.

Pense nisso. Imagine que alguém esteja tentando convencê-lo de que a Terra é plana. Uma afirmação esdrúxula.

Ao dizer que a Terra é plana, essa pessoa cria um certo desconforto no ambiente, pois alguma coisa dentro da gente dispara um “alarme”.

Está estabelecido pela ciência, desde Copérnico, que a Terra obviamente é esférica.

Uma afirmação ao contrário causa desconforto porque desafia a “bolha de realidade” de cada um.

A “bolha de realidade” acaba se tornando a nossa própria identidade após certo tempo.

Pense nisso.

Cada pessoa em particular tem uma bolha de realidade e modelos mentais e se você quiser influenciar uma pessoa o pior caminho é tentar romper esses modelos.

Nos negócios, o convencimento e formação de convicções passa necessariamente por modelos mentais e bolhas de realidade.

Nos meus cursos explico como posicionar-se de forma que haja o mínimo de fricção com modelos mentais que ainda não consideram sua marca e empresa e como penetrar com o menor dispêndio de energia possível.

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Stavros Frangoulidis
 

Stavros é o fundador da PaP Solutions, professor da cadeira de "Prospecção de Clientes" da ABEMD e um dos idealizadores do The Client Door. Seu foco está no conhecimento prático - trazendo o par tecnologia+marketing a serviço de uma excelente gestão de vendas com foco em captação e fidelização de clientes.

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