Relaxamento
O mês foi bom. O outro ruim. O outro mais ou menos. Mercado se aquecendo. Mercado parado.
Essas são frases que badalam de forma insistente na mente de empresários, empreendedores e executivos que dependem de vendas.
Somente quem precisa vender para pagar as contas e manter as coisas de pé, sabe o que é um mercado parado, uma loja vazia, um restaurante sem clientes, uma agência sem jobs, uma consultoria sem reuniões de negócios e por aí vai.
Mas há um outro componente “que pega” nas vendas.
O relaxamento.
É natural, depois de uma luta muito intensa, você tirar o pé.
Digo intensa, porque nos últimos anos, tem sido muito difícil para qualquer empresário colocar em prática projetos de investimento, melhorias e em alguns segmentos, inclusive manter as luzes acesas.
Isso atinge as estruturas internas das organizações, uma vez que a volatilidade histórica que estamos atravessando, atinge a todos. A pressão, a instabilidade e a insegurança não ficam restritas ao comando e sim a toda estrutura hierárquica.
Quando você vê seu colega sendo demitido por falta de receitas na empresa, encolhimento de faturamento, não há como ficar tranquilo imaginando que sua ilha de excelência é intocável.
Enfim, a oscilação atinge a todos. Literalmente estamos no mesmo barco.
Agora, o que o relaxamento tem a ver com tudo isso?
Quando se trabalha nesse tipo de ambiente por anos, com a ansiedade lá em cima o tempo todo, andando no fio da navalha, é natural relaxar após um bom mês ou um bom trimestre.
À luz dos nossos objetivos de empreender, crescer e gerar valor, geralmente recebemos, dia a dia, 2 notícias boas para cada 5 ruins. Essa é a nossa percepção.
Mas a realidade no nosso mundo dos negócios é traduzida em números.
As contas não param, não esperam a greve passar, nem a eleição, nem a copa. As contas a pagar são certas e implacáveis. Já as receitas, têm camadas e camadas de risco e são incertas.
Essa é a realidade brasileira.
E nós vivemos em um pêndulo psicológico, mês bom, mês ruim, péssimo, mês mais ou menos, mês ruim, mês mais ou menos de novo e assim vão passando os anos.
Quando você termina um bom período onde pelo menos conseguiu pagar suas contas em dia, onde o saldo de alguma forma saiu do vermelho e respirou acima da linha é natural você relaxar.
Sua mente precisa disso. Não se consegue sair da cama, com o pensamento de que, apesar da comida no forno, você ainda terá que matar 3 leões hoje.
É preciso uma trégua mental. É preciso acreditar que agora vai.
E aqui que caímos na armadilha do relaxamento.
Esse relaxamento faz nossa guarda abaixar, seja em permitir novos custos, antes represados, seja em arrefecer seu esforço nas vendas.
Falo isso para quem é do metiê.
Para quem não entrou ainda no mercado para valer, meu único conselho é você não cair em modismos.
Não há botão mágico para competir no mercado. Somente muita estratégia e trabalho. Mas muito trabalho, amigo. Muito.
Portanto, não chame isso de trabalho. E sim de estilo de vida.
O resultado vem no seu saldo bancário. Se você for competente e não relaxar, pelo menos não abaixar a guarda, mesmo que bata recordes de faturamento, terá uma boa vida, financeiramente falando.
Nossa vida não é uma curva previsível, apesar de todo nosso esforço e desejo que seja. Muito menos as nossas receitas, se formos da iniciativa privada.
Donos e funcionários servem ao mesmo senhor, o mercado. Cada um na sua função, mas ambos submetem-se ao crivo da compra e da venda.
Não relaxar nunca é uma falácia, é contra intuitivo e uma máxima fantasiosa.
Mas ter a consciência já basta.
Um mês “bom” em vez de ser considerado um mês bom, deve ser considerado o primeiro mês de um novo patamar. O primeiro degrau de 5 que você vai alcançar.
Sim, é possível. O que te levou ao mês bom, na maioria das vezes foi seu esforço, sua tenacidade, insistência e vigor.
É ótimo você saber que tem essas características e que tem um repositório ilimitado delas, apesar de quererem nos fazer acreditar do contrário.
Nós temos muito mais competência do que imaginamos, temos muito mais foco, muito mais força e muito mais persistência. Nós somos muito melhores do que imaginamos ser.
Basta acreditar nisso e usar esses atributos não só na tempestade, mas principalmente na bonança.
Uma nova crença, principalmente em si mesmo, é o primeiro passo. Crença de que podemos fazer mais e melhor, sempre. Relaxar um pouco, sim. Mas rapidamente levantar a guarda e continuar.
Esse moto perpétuo nos faz chegar mais perto de nós mesmos e da nossa melhor versão.
Afinal, o mercado somos nós.
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