Entusiasmo em frascos

Uma cena que nunca esquecerei.

Estava com meu amigo de infância, Walter, fazendo feira.

Morávamos à época na Vila Mariana, bairro de classe média de São Paulo, era no início dos anos 90.

Descíamos a pé a Rodrigues Alves e seguíamos até a arborizada rua do Dante Pazzanese. Era onde fazíamos feira.

Por um período, todos os sábados combinávamos de comprar frutas, legumes e peixe para as nossas famílias e lá íamos nós com o carrinho de hastes de ferro e as sacolas, escolher os melhores mamões e comer pastel.

Coisas que aprendemos com as nossas mães, coisas que se faz na feira. Todo sábado era igual.

Era um ritual de pertencimento. Era como se, fazer feira, fosse mais um daqueles processos que nos dão concreta convicção que estamos fazendo a coisa certa, aquela a qual nos faz pertencer ao normal como ir à igreja, à aula, ao trabalho e comer esfiha ou pizza nos finais de semana.

Em um desses sábados enquanto caminhávamos entre a barraca de peixe (que era a maior) e alguns ambulantes que vendiam suas coisas em cima de caixotes, uma senhora chamava a atenção de todos.

“Coraaaaagem gente, coragem!” Sua voz destoava das demais. Era um chamado, uma ordem, um mantra. Ela gritava bem acima dos demais “Coraaaaagem gente, coragem!”

Ao chegar perto percebi que era uma senhora cega e idosa. Talvez 80 anos de idade. E nada vendia. Nem pedia. Apenas estava sentada ali, entoando no seu tom mais alto aquilo que ela tinha. Coragem.

Que cena. Passadas algumas décadas, ainda re-significo aquela experiência para mim. E a cada vez que falo dela, percebo o gesto daquela mulher.

A frase “Coragem gente” bem que poderia se transformar em meu mantra mas seria como banalizar algo que para mim teve (e tem) muito mais significado que a etimologia da palavra pudesse me confortar. Uma coisa é eu gritar coragem. Outra, era essa senhora.

Simplesmente parei de reclamar e perdi completamente a tolerância para ficar ouvindo xororô e mimimi de quem quer que fosse. Percebi o enorme grau de irritação que me causava o discurso do violino. Sabe qual é o discurso do violino? Aquele que a pessoa te pega e fica horas reclamando da vida, do emprego, do marido, da mulher, do chefe, da falta de dinheiro…

Quando trabalhei com equipes de vendas e meus colaboradores reclamavam que tinham que ir até tal cliente que é longe e tal cliente é chato, ou mesmo quando reclamavam das metas e dos negócios não fechados, eu lembrava dessa senhora.

Não só pela sua coragem de ficar ali incentivando todo mundo a continuar, mas pela energia, tenacidade, seus enormes pulmões e um coração gigante.

Coraaaaaagem gente! Coragem! Um senhora idosa, cega, na Vila Mariana, há alguns anos. Só a vi naquela ocasião.

Penso nela e como eu a respeito. Um valor para toda vida.

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Stavros Frangoulidis
 

Stavros é o fundador da PaP Solutions, professor da cadeira de "Prospecção de Clientes" da ABEMD e um dos idealizadores do The Client Door. Seu foco está no conhecimento prático - trazendo o par tecnologia+marketing a serviço de uma excelente gestão de vendas com foco em captação e fidelização de clientes.

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