Um omelete de 3 ovos para 7 pessoas
Minha madrinha (ou minha Noná como chamamos as madrinhas na Grécia), conta minha mãe em um Skype call comigo e com minha irmã, convidou alguns amigos para um lanche à tarde.
“Vamos ter um omelete fantástico!” exclamou ela.
Todos moravam na região de Thessalônica, norte da Grécia.
Bem, lá foram elas à casa da minha madrinha para lanchar e aproveitaram para passar o final de semana.
Chegando lá encontraram outras pessoas todas já sentadas ao redor de uma grande mesa na cozinha e foram antes dar um “oi” para a Noná que estava já servindo a mesa.
Ao chegarem perto do fogão, minha mãe reparou que a Noná estava por fazer um omelete, já quebrando os ovos. Eram três ovos.
Três ovos para sete pessoas! E isso porque o omelete era o centro, o prato principal do lanche!
Claro que o omelete ficou ralinho, espalhado em um prato raso, cheio de vazios que passou de mão em mão sem quase ninguém pegar nada, no máximo uma mini-garfada.
Constrangimento geral. Não era porque minha Noná não tinha condições mas sim por que ela era muito econômica nas coisas de comida, até passando dos limites da noção.
À noite, ambas minha irmã e minha mãe, já acomodadas em seu quarto de hóspedes, tentavam dormir com aquela fome.
Minha irmã mal tinha pegado no sono, quando ouviu aquele barulho de saquinho rasgando (sabe barulho quando a gente abre um saquinho duro de comida?) – cratz-cratz-crrraaatzzz!
Era minha mãe de pé, olhando para a janela e devorando um doce que tinha trazido de casa e guardado na bolsa. – “Estou com foooome!”
Fazia tempo que eu não dava tanta risada. Elas me contando essa história e do jeito que foi, passados alguns anos, me remeteu a um outro episódio de constrangimento, que é aquela situação de vaso entupido quando você usa o banheiro do seu anfitrião.
Mas o mais engraçado é como ficamos constrangidos na casa dos outros. Ficamos com vergonha.
Vergonha ou educação?
(Não me refiro a cunhados aqui. Esses são exceção!)
O terapeuta John Bradshaw conceitua a vergonha como a “emoção que nos deixa saber que somos finitos”.
No caso trata-se de vergonha alheia. Aquela vergonha que sentimos pelos outros.
Não queremos ver os outros em situações embaraçosas e quando isso acontece sentimo-nos incomodados, não por nós, mas pelos outros.
No ambiente corporativo isso acontece muito, principalmente em reuniões internas, onde alguém solta uma baita besteira ou obviedade e fica aquela sensação de constrangimento geral.
De toda forma é melhor estar sempre preparado(a), seja para um lanche em casa, seja para uma reunião interna, seja para apresentar suas soluções ao mercado.
Não dá para ser “eu” o tempo todo. Sim, você pode ser autêntico, mas em grupo é necessária uma atitude contributiva, que agregue valor e adicione à atmosfera mais “oxigênio”, para que todos respirem melhor com a sua presença.
Falo dessas nuances, sem constrangimento, em meus cursos e livro.
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