Onde fica seu escritório?

Em 1997 eu visitei a Cargill e estava na sala de reunião com meu chapa, Paulo, que trabalhava lá há alguns anos.

A sala de reuniões era de vidro e dava para ver uma imensidão de pessoas sentadas (umas 100) em bancadas, debruçadas em seus micros, umas poucas falando ao telefone. A sala era tomada por trabalho e concentração. Muito bacana de ver.

“Nossa! Quanta gente concentrada”, hein Paulo?

“Rapaz, a gente vem para cá e passa o dia respondendo a e-mails”, ele respondeu.

Aquilo me chamou a atenção. Por que devem se concentrar em um único lugar se for para responder e-mails? Pensei, eu.

A partir daí, eu comecei a ter dificuldade em tirar da minha cabeça, o dogma “do escritório”.

Eu já tinha eliminado há muito tempo o dogma do “escritório bonito”.

Sabe aquela “obrigação” de ter um escritório bonito? De forma que você tenha orgulho em fazer um tour para suas visitas? Pois bem. Esse eu eliminei depois de ver dezenas de empresas lindas quebrarem e outras espartanas prosperarem. Não que haja correlação. Mas definitivamente, ter um escritório bonito (luxuoso), para minha cabeça, significa “despesa adicional com zero valor agregado – olha como sou lindo”.

E criei convicção sobre isso quando trabalhei em parceria com o Walmart por 5 anos e me aprofundei uma pouco mais na sua cultura de austeridade (exemplo: o CEO viajava de classe econômica, instalações simples e funcionais e uma política de máxima economia – base “clips no chão é para ser catado, limpo e guardado”).

Quando trabalhei na Editora Globo como funcionário, achava muito inspirador ir ao Rio, para as reuniões mensais que tínhamos na Globopar (estrutura que controlava parte das empresas do grupo). Você estava na maior empresa de comunicação do país mas a cultura, atrás das cenas, era de austeridade. Estruturas simples e funcionais. Falo da parte do business, ok? Não me refiro à produções artísticas.

Já como empresário, estava em jogo a questão de “ter um escritório”. Por que deveríamos nos juntar em um local para trabalhar?

Eu sempre almejei ter clientes de grande porte, talvez para poder me firmar dizendo “olha eu sou pequeno, mas trabalho para esse gigante”, um certo complexo de inferioridade que por décadas me perseguiu.

No mundo corporativo existem as empresas grandes e conhecidas e as outras empresas.

Quando voltamos ao Brasil em 1974, lembro que minha irmã mais nova começou a trabalhar para a Varig. Era um orgulho alardearmos isso para toda colônia grega.

Minha outra irmã, mais velha, teve seu primeiro emprego aqui no Brasil no banco Lar Brasileiro, também um orgulho à época.

Trabalhar para uma empresa grande, cria uma capa linda de identidade. Isso é inegável. Meu objetivo era ter clientes de grande porte, em busca da mesma identidade.

Pois bem. Essas empresas grandes querem saber onde é seu escritório. Querem ver estrutura. Querem ver funcionários trabalhando. Computadores. Secretária. Querem ver crachás pendurados em pescoços.

Então eu teria que ter um escritório. Com tudo isso. Mesmo custando uma fábula em termos de despesas e perda de produtividade por conta do deslocamento e cansaço. Funcionários que todos os dias tinham que gastar 4 horas no trânsito. Mais as despesas de transporte. Fora os atrasos, as esperas e o stress. Mas era necessário.

Como uma multinacional contratará uma pequena empresa cujos colaboradores trabalham de casa? Difícil de explicar. Parecia coisa de mambembe. Um puxadinho. Não passa nenhuma confiança.

Empresas querem fornecedores sólidos, que não as deixem na mão. Que sejam estabelecidos, com funcionários capacitados, maquinário em dia, produtividade e previsibilidade. E ter uma organização, onde as pessoas trabalham remotamente, definitivamente não passa essa sensação. Pelo contrário, passa fragilidade.

Hoje menos, mas há 20 anos era impensável operar sem um escritório fixo.

Em 2012, decidimos manter um escritório apenas para reuniões e treinamento. E também para aqueles funcionários que não querem trabalhar de casa. Um escritório simples e bem localizado, mas com baixíssima despesa operacional.

Nesse mesmo esquema, conquistamos mais de uma centena de contas corporativas de grande porte. Em 5 anos, de lá para cá, nenhuma dessas empresas pediu para conhecer nossas instalações. Está liquidado o dogma do escritório, na minha cabeça.

Somente mantemos essa estrutura física por uma questão interna, mas não por conta de imagem corporativa.

Hoje temos leis que reconhecem o trabalho remunerado e formal realizado remotamente. Grandes ícones corporativos, incentivam que seus colaboradores produzam de onde melhor lhes convier.

Onde é seu escritório?

Na minha cabeça, nesse smartphone e nesse notebook. Posso trabalhar de NY, da padaria da esquina e deitado na minha cama.

“Endereço comercial, por favor?”

Resposta: “Poltronas da Starbucks!” (e pega eu! rsrsrsrs) ou “Minha sala em frente a TV assistindo Sport TV e pegando doce na geladeira”

Claro que ainda não dá para escancarar isso, mas não tardará para podermos falar COM ORGULHO que temos liberdade física total.

O que também é uma ilusão. Poder produzir de onde se quer, não traz liberdade de tempo. Pelo contrário. As tarefas esticam de tempo, pois temos a ilusão que podemos fazer muito mais. Mas esse é assunto para outra hora.

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Stavros Frangoulidis
 

Stavros é o fundador da PaP Solutions, professor da cadeira de "Prospecção de Clientes" da ABEMD e um dos idealizadores do The Client Door. Seu foco está no conhecimento prático - trazendo o par tecnologia+marketing a serviço de uma excelente gestão de vendas com foco em captação e fidelização de clientes.

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